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Câncer de colo de útero com metástase: avanços importantes com novos medicamentos

Já estão disponíveis no Brasil dois novos imunoterápicos que melhoram o controle desses casos da doença, com bons resultados comprovados em estudos internacionais.

Aprovados recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dois novos medicamentos imunoterápicos (remédios que fazem o próprio sistema imunológico reconhecer e combater as células malignas) abrem perspectivas mais positivas para as mulheres com câncer de colo de útero com metástase, ou seja, quando as células malignas já atingiram outras partes do corpo. As novas medicações melhoram a eficiência das estratégias de controle da doença, com resultados positivos demonstrados em estudos científicos.

As novidades devem impactar positivamente um percentual importante de mulheres, uma vez que, mesmo com possibilidade de detecção precoce por meio do exame de Papanicolau, cerca de 60% dos cânceres de colo uterino são diagnosticados já na fase metastática.

Uma das novidades é o imunoterápico pembrolizumabe, que pode ser administrado conjuntamente com a quimioterapia realizada com bevacizumabe como primeiro tratamento para o câncer de colo de útero metastático. A estratégia é voltada às pacientes que tiveram resultado positivo no teste PD-L1 (um biomarcador referente à resposta imunológica), o que, na prática, abrange a maior parte das mulheres testadas (mais de 80%).

Um estudo internacional (KEYNOTE-826 - https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34534429/) mostrou que a combinação de terapias permitiu aumentar o tempo de sobrevida em geral, inclusive sem progressão da doença, além de reduzir o risco de morte.

Em comparação com a quimioterapia isolada, o tratamento apresenta um pequeno aumento no nível de toxidade e, consequentemente, dos efeitos colaterais, ampliando um pouco a sensação de cansaço durante as sessões, por exemplo. Entretanto, não interferiu na qualidade de vida das pacientes.

A outra novidade é o imunoterápico cemiplimabe, aprovado há poucos meses pela Anvisa como segundo tratamento de controle do câncer de colo de útero metastático, ou seja, uma opção de terapia para as mulheres que já se submeteram a um tratamento anterior (quimioterapia isolada ou associada com bevacizumabe) e tiveram retorno ou progressão da doença.

Os bons resultados dessa terapia também foram constatados em estudo (EMPOWER-Cervical 1/GOG-3016/ENGOT-cx9 - https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35139273/) que apontou um ganho significativo de eficiência sobre uma nova quimioterapia, com maior tempo de sobrevida sem progressão da doença. O tratamento é menos tóxico, reduzindo os efeitos colaterais em relação à quimioterapia.

Há cerca de 10 anos não tínhamos novos remédios aprovados no Brasil para o câncer de colo de útero metastático. Por isso, para os especialistas, a liberação desses imunoterápicos pela Anvisa representa o maior avanço da década no tratamento dessas pacientes.

Fonte: Graziela Dal Molin CRM 147.913

Data de produção: 31/08/2022

Data da última atualização: 14/09/2022