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Qual a intervenção para uma vítima de síncope?

O primeiro passo é garantir a plena recuperação dos sentidos após o desmaio da pessoa. Depois, é recomendável buscar uma avaliação médica para identificar o que provocou a síncope. Alguns casos podem estar associados a fatores cardiológicos que precisam ser tratados.

Síncopes são desmaios provocados pela perda abrupta e súbita da consciência, que geralmente leva a quedas. Às vezes, ocorrem sinais prévios, como visão turva, tontura, náuseas e palidez. De forma geral, a recuperação é rápida e espontânea.

A primeira atitude de alguém que presencia uma síncope é deixar o indivíduo deitado e observar se está respirando e se tem pulso. Caso afirmativo, deve manter suas pernas mais elevadas que o tronco e acompanhá-lo até que recupere completamente os sentidos, o que costuma ocorrer após alguns segundos ou poucos minutos. Caso negativo ou se a pessoa demorar a se recuperar, é recomendável chamar um serviço de urgência/emergência para melhor verificar os sinais vitais (pulsação cardíaca e respiração) e tomar as providências necessárias. Algumas condições podem exigir manobras de ressuscitação cardiorrespiratória.

É importante não ter pressa em levantar a pessoa logo após o desmaio. Deitada, ela tem melhores condições para se recuperar. Antes de ajudá-la a ficar de pé, recomenda-se mantê-la sentada por um tempo. Depois do episódio, principalmente quando permanece algum sintoma, o ideal é procurar um pronto-socorro para avaliação médica.

Causas

Por conta de novelas e filmes, ficaram famosas as síncopes vasovagais, isto é, desmaios decorrentes de alterações da regulagem do sistema nervoso autônomo (sistema que funciona independentemente da nossa vontade, sendo responsável pelo controle dos nossos órgãos) que podem ser desencadeadas por fortes emoções (medo e outros tipos de estresse), levando à queda da pressão sanguínea e/ou da frequência cardíaca. Essas alterações também podem ocorrer em situações como ficar muito tempo em pé, em aglomerações, ambientes fechados ou de calor excessivo.

Outros fatores que podem levar a desmaios são distúrbios de origem endocrinológica, como a hipoglicemia (queda da taxa de açúcar no sangue), ou neurológica, como a epilepsia.

Há, ainda, síncopes associadas a problemas primariamente cardíacos, como as arritmias cardíacas. Tanto os ritmos lentos de batimento do coração (bradiarritmias) como os rápidos (taquiarritmias) podem provocar alterações que levam à síncope. Esses casos são bem mais graves e frequentemente relacionados à morte súbita, sendo imperioso a investigação cardiológica rápida e apurada da causa.

Síncopes não devem ser negligenciadas, principalmente quando envolvem pessoas com cardiopatias ou fatores de risco para problemas cardiocirculatórios, como sedentarismo, estresse, obesidade e tabagismo, entre outros. Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, a cada ano cerca de 320 mil pessoas no Brasil são vítimas de morte súbita, ocorrência que muitas vezes é antecedida por síncopes.

Recursos diagnósticos

Para investigar a presença de fatores cardiológicos associados às síncopes, uma série de exames são importantes, tais como: eletrocardiograma de repouso, monitorização eletrocardiográfica de 24 hs ou mais (Holter), ecodopplercardiograma, teste ergométrico e estudo eletrofisiológico (que avalia o ritmo cardíaco através de cateterismo), além de exames de laboratório.

Outra ferramenta diagnóstica que pode ser adotada é o Tilt-Test, que ajuda identificar as razões de desmaios, particularmente em pacientes sem cardiopatias evidentes. Também chamado de teste da inclinação, ele avalia a influência do sistema nervoso autônomo sobre a pressão arterial e a frequência cardíaca do paciente frente a mudanças de posição do corpo (deitado e inclinado a 70 graus).

Além da cardiológica, é importante uma avaliação neurológica para investigar não somente a origem da síncope, mas também eventuais impactos neurológicos, uma vez que essas ocorrências implicam a diminuição temporária da oxigenação cerebral.

Fonte: Silas dos Santos Galvão Filho CRM/SP 37.465

Data de produção: 03/04/24

Data da última atualização: 23/07/2024