O surgimento de nódulos no pescoço é comum e, na maioria dos casos, não se trata de nada mais grave. Muitas vezes são ínguas, ou seja, um aumento do volume dos gânglios linfáticos (linfonodos) geralmente associado a quadros de inflamações e infecções, como gripes e resfriados. Nesses casos, os nódulos são um sinal de que o corpo está trabalhando para tudo voltar ao normal. Um terço dos linfonodos existentes no nosso organismo fica situado no pescoço.
Contudo, se a presença de um ou mais nódulos persistir por mais de duas ou três semanas, é recomendável uma consulta médica, pois não se deve negligenciar uma região do corpo tão complexa e estratégica como o pescoço, responsável por fazer a ligação entre diversos sistemas do nosso organismo. Todo nódulo persistente palpável e/ou visível merece atenção, particularmente aqueles mais endurecidos e doloridos.
Otorrinolaringologistas, oncologistas ou cirurgiões de cabeça e pescoço são os especialistas que podem verificar se esses nódulos estão relacionados a algum tipo de câncer ou tumor benigno.
Pessoas mais jovens tendem a ter nódulos cervicais relacionados a tumores benignos, que não têm capacidade de se espalhar pelo corpo. Esse é o caso das lesões benignas de parótida (glândula que fabrica a saliva), como o tumor adenoma pleomórfico. Já os lipomas, compostos de células de tecido adiposo (gorduroso) que se formam abaixo da pele, são mais comuns em idosos. Esses tumores costumam crescer de forma mais lenta, sendo tratados ou não em função dos sintomas que provocam. Quando afetam funções e a qualidade de vida do paciente, é recomendável a cirurgia, um procedimento geralmente mais simples do que os de extração de lesões malignas.
Os tumores malignos são mais comuns em pessoas mais velhas. Um dos principais é o de tireoide, que afeta três vezes mais as mulheres. Por sua vez, homens de meia idade que fumam e exageram no consumo de álcool estão mais expostos a cânceres na boca, garganta e laringe. Essas lesões malignas surgem em um tipo de tecido existente nessas regiões, chamado tecido epitelial, e se espalham para os linfonodos.
Também podem ocorrer na região do pescoço os linfomas, câncer das células sanguíneas que se desenvolve a partir dos linfonodos; e o câncer de pele, particularmente em pessoas excessivamente expostas à irradiação solar. Esse tipo de câncer, quando começa a se espalhar, também pode atingir os linfonodos, inclusive os do pescoço. Existem ainda os tumores malignos das glândulas salivares, que integram o grupo de doenças raras.
Depois de diagnosticados por biópsia e, eventualmente, exames de imagem, esses diferentes tipos de câncer podem ser tratados com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia de maneira isolada ou com a combinação de algumas dessas terapias. Além disso, novas classes de medicamentos estão sendo empregadas, como os imunoterápicos, remédios que estimulam o próprio sistema imunológico dos pacientes a atacar as células doentes. O câncer de tireoide especificamente é tratado convencionalmente por cirurgia, mas conta com um recurso adicional: a iodoterapia, técnica baseada na administração, por via oral, do iodo-131, que é um elemento radioativo que destrói as células da tireoide doente.
Não é preciso entrar em pânico se você detectar um nódulo no pescoço. Mas, se ele está demorando a desaparecer, procure um médico. Caso seja um câncer, quanto antes ele for identificado e tratado, maiores são as chances de vencê-lo.
Fontes: : Lucas Vieira dos Santos - CRM/SP 115.834; Marcus Vinicius Furlan - CRM/SP 138.105
Data de produção: 07/07/2022
Data da última atualização: 12/07/2022