A maior parte dos casos de câncer de próstata é diagnosticada nos exames de rastreamento, que permitem identificar a doença em fases mais iniciais, e não porque o paciente procurou o urologista com sintomas da doença – até porque o tumor de próstata é assintomático durante seu crescimento e só costuma causar problemas perceptíveis, como uma obstrução urinária, quando já está em fase localmente avançada ou com metástases.
O processo de rastreamento envolve dois exames: o exame de sangue para dosagem de PSA (Antígeno Prostático Específico) e o toque retal, realizado pelo urologista para detectar nódulos. É recomendável realizar os dois, pois o PSA nem sempre aumenta com o câncer e também pode estar elevado por outro motivo.
A partir de suspeita de câncer por encontro de nódulo e/ou elevação do PSA, é indicada a realização de uma ressonância magnética. O exame gera uma classificação de risco de malignidade. Os níveis 1 e 2 descartam o câncer. Já os níveis 3, 4 e 5 direcionam o paciente para biópsia, que vai confirmar ou não o diagnóstico, também indicando qual tipo de tumor, sua agressividade e extensão. Quando a ressonância mostra metástase, a biópsia pode ser realizada no linfonodo (glândula do sistema de defesa do organismo) da pelve ou do tecido de outro órgão atingido pelas células cancerígenas.
No caso de câncer de próstata localizado (restrito ao órgão), as indicações de tratamento consolidadas são cirurgia para retirada da próstata (prostatectomia) ou radioterapia. A opção por uma ou outra considera fatores como tipo e estágio do tumor, se está prestes a espalhar; idade e expectativa de vida do paciente, seu estado de saúde e também sua própria vontade.
A cirurgia costuma ser por método minimamente invasivo, muitas atualmente com suporte de tecnologia robótica, permitindo uma resolução eficaz e rápida. Passado o tempo de recuperação do procedimento, o tratamento está concluído. No entanto, se houver maior chance de retorno do câncer, pode ser indicada a realização de radioterapia após a cirurgia para eliminar possíveis focos de células cancerígenas restantes.
A radioterapia isolada também é uma alternativa eficaz nos casos de câncer de próstata localizado. O tratamento dura em torno de dois meses, com aplicações diárias. Graças aos avanços tecnológicos, hoje a radioterapia gera poucos efeitos colaterais.
Outra possibilidade de abordagem para tumores localizados é a vigilância ativa, que consiste em não submeter o paciente a nenhum tratamento naquele momento e manter um acompanhamento periódico, com exames de PSA a cada três meses e biópsia anual para verificar se houve alguma mudança no quadro. Essa opção é restrita a casos de baixa agressividade, quando o tumor é de crescimento muito lento, considerando ainda aspectos como idade, quadro de saúde e estado emocional do paciente. Geralmente, é indicada para indivíduos idosos.
Casos avançados de câncer de próstata seguem outro caminho. A metástase costuma ocorrer nos linfonodos e nos ossos e, para uma melhor avaliação, são realizados exames complementares, como tomografias, cintilografia e/ou PET Scan PSMA.
O tratamento dos pacientes com metástases deve ser sistêmico, visando atingir todo o corpo, por meio da hormonioterapia, que bloqueia a produção de testosterona, o “combustível” desse tipo de câncer. Algumas vezes, o tratamento hormonal (com medicamentos injetáveis ou orais) pode ser combinado com radioterapia ou quimioterapia. Para alguns pacientes que apresentam certos tipos de mutações nos tumores, há uma nova classe de medicamentos, chamados de drogas alvo, que agem em proteínas das células tumorais para evitar sua multiplicação. Há também a possibilidade de tratamento sistêmico com medicações endovenosas chamadas de radiofármacos (Lutécio-177 PSMA ou Rádio-223, por exemplo), que têm o objetivo de atacar as células do câncer com radiação.
Pacientes com câncer metastático precisam de tratamento contínuo. Já os indivíduos com câncer localizado são considerados curados quando o tumor é eliminado. Depois disso, ingressam no período de acompanhamento, realizando exame de dosagem de PSA a cada três meses. Após dois anos sem retorno do tumor, o intervalo passa a ser de seis meses e, ao completar cinco anos livre da doença, o rastreamento volta a ser anual.
Alguns homens que passaram por cirurgia e/ou radioterapia podem precisar de tratamento de incontinência urinária e/ou disfunção erétil, efeitos colaterais que afetam uma parte pequena dos pacientes. Para isso, estão disponíveis fisioterapia, medicamentos e procedimentos diversos que ajudam nessa recuperação.
E se o câncer voltar? Novos estudos mostram que homens submetidos a cirurgia podem controlar o retorno do tumor com radioterapia associada ao tratamento hormonal. Já os pacientes que passaram por radioterapia inicialmente não podem repetir o tratamento, e a cirurgia de resgate é uma opção de risco elevado para complicações e efeitos colaterais, já que a próstata foi irradiada anteriormente. O bloqueio hormonal é o recurso geralmente utilizado nesses casos.
Embora existam tratamentos para todos os tipos de câncer de próstata, é evidente que o diagnóstico precoce de um tumor localizado faz toda a diferença, com maiores chances de cura e tratamentos menos complexos e agressivos, com consequente melhor qualidade de vida para o paciente. Por isso, a regra número 1 é começar a realizar anualmente o PSA e o toque retal a partir dos 50 anos de idade e antes disso, aos 40 anos, se tiver antecedente desse câncer na família (pai ou irmão), pois pode existir um fator genético que alavanca a doença. Na BP, além de todos os exames e tratamentos, os pacientes contam com uma equipe especializada em oncogenética para avaliar o grau de risco para diversos tipos de câncer, entre eles o de próstata.
Fontes: : Fábio Schutz – CRM/SP 114.313; Renato Oliveira – CRM/SP 117.762; Robson Ferrigno – CRM/SP 58.149
Data de produção: 24/06/22
Data da última atualização: 29/06/22