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Câncer de próstata localizado: qual o melhor tratamento?

Não há uma resposta única e o caminho a ser seguido deve considerar o tipo de tumor, a idade, as condições de saúde e expectativas do paciente

Radioterapia? Cirurgia aberta, laparoscópica ou robótica? Qual é a melhor abordagem do câncer de próstata localizado? A resposta não é simples, pois depende de um conjunto de fatores.

Um câncer de próstata localizado significa que ele não gerou metástases, ou seja, não se espalhou para outras partes do corpo. No entanto, existem vários tipos e subtipos de tumores, com diferentes níveis de agressividade e tempo de evolução. Alguns evoluem lentamente e têm baixíssimo potencial de disseminação para outros órgãos. Outros podem se desenvolver mais rapidamente e serem agressivos em maior ou menor grau.

A identificação do tumor, tamanho e características é fundamental. Isso é feito por meio de exames de sangue, imagem e biópsia, incluindo, em algumas situações, até mesmo testes moleculares. Além da especificação do câncer, outros fatores como idade e condições de saúde do paciente devem ser considerados na indicação do tratamento. O paciente deve ser informado sobre as melhores alternativas para o caso e os prós e contras de cada uma delas para uma tomada de decisão conjunta com o médico.

Em tumores de muito baixa agressividade e evolução lenta (que podem nem se desenvolver), pode ser indicada a chamada vigilância ativa, ou seja, não iniciar o tratamento naquele momento, mantendo apenas o acompanhamento médico regular e agir somente se o tumor evoluir.

Quando há necessidade de tratamento, os mais utilizados são a radioterapia e a cirurgia de retirada da próstata (prostatectomia radical) e, em casos específicos, o bloqueio hormonal.

Para pacientes com menos de 60 anos, a tendência é indicar a cirurgia devido às melhores condições clínicas. Já a radioterapia pode ser uma boa alternativa para pacientes mais idosos. Mas isso não é uma regra. As opções têm de ser avaliadas caso a caso, considerando a agressividade do tumor, o risco de recidiva (retorno do tumor) após o tratamento, as condições de saúde e as expectativas do paciente.

São caminhos distintos, sem diferença em termos de eficácia do tratamento. Mas algumas possíveis sequelas devem ser informadas ao paciente. Após a cirurgia, pode ocorrer incontinência urinária por algum tempo, além de disfunção erétil, embora esta seja mais comum em câncer que já se espalhou e não no do tipo localizado. A radioterapia não causa esses efeitos, mas pode desencadear inflamação na bexiga e no reto.

Todos os métodos de tratamento do câncer de próstata têm evoluído de maneira importante. A radioterapia, por exemplo, é muito eficiente e já não tem os efeitos debilitantes que apresentava antigamente. Novas tecnologias, como a radioterapia de intensidade modulada (IMRT), a radioterapia guiada por imagem (IGRT) e a arcoterapia volumétrica modulada (VMAT) permitem aplicações muito mais focadas no alvo, evitando atingir tecidos ou órgãos adjacentes, além de melhor visualização e em tempo real do local de aplicação para maior efetividade. Hoje, é possível a aplicação de doses maiores de radiação com segurança para o paciente, permitindo reduzir o número de sessões (20 sessões diárias, em vez de 38 a 40 como antes). Em geral, as aplicações de radioterapia são rápidas, em torno de 10 a 15 minutos, e não provocam sintomas no momento da sessão. A definição do tipo de radioterapia e número de sessões também deve considerar o quadro e perfil de cada indivíduo – daí a importância de o paciente consultar um médico especialista em radioterapia e que tenha título de especialista pela Sociedade Brasileira de Radioterapia.

No campo das intervenções cirúrgicas, os procedimentos laparoscópicos com ou sem robô vêm ganhando terreno em relação à cirurgia convencional (do tipo aberta). Todos os métodos são capazes de alcançar resultados eficientes na eliminação dos tumores, mas os procedimentos laparoscópicos, pelo fato de serem minimamente invasivos, permitem recuperação mais rápida do paciente, com menos tempo de internação hospitalar e menor taxa de sangramento ou transfusão sanguínea.

A robótica vem ganhando muito espaço na cirurgia urológica, especialmente na de próstata, em razão de recursos que ampliam as condições do cirurgião, como imagem em 3D e precisão nos movimentos e manipulação dos instrumentos.

Em casos de pacientes com risco de retorno do câncer, a terapêutica pode ser complementada com hormonioterapia ou bloqueio hormonal, a fim de impedir a produção de testosterona, hormônio que favorece o crescimento das células cancerígenas.

Como se vê, há várias alternativas para o tratamento do câncer de próstata localizado. Não existe uma opção melhor do que a outra. Existe, sim, a melhor opção para cada paciente. Por isso, é altamente recomendável que o paciente busque um centro especializado em Oncologia, onde poderá ouvir a opinião dos diferentes especialistas envolvidos no tratamento do câncer de próstata e, assim, tomar a decisão que julgar mais apropriada.

Fonte: Murilo de Almeida Luz – CRM 111.461; Gustavo Cardoso Guimarães – CRM 80.506; Robson Ferrigno – CRM 58.149

Data da última atualização: 16/4/2021