Pacientes com mieloma múltiplo, tipo de câncer que atinge a medula óssea e, consequentemente, o sistema imunológico, podem desenvolver a forma mais grave de Covid-19. O mesmo vale para os demais cânceres hematológicos, como a leucemia e os vários tipos de linfoma. A mortalidade desse grupo de pacientes infectados pelo coronavírus é de 30%.
Estudo publicado no ano passado pela revista científica The Lancet também comprovou, observando casos oncológicos no Reino Unido, que pacientes hematológicos tendem a apresentar quadros mais agudos de Covid-19 comparados com outros tipos de câncer como pulmão, próstata e mama.
Além de afetar o sistema imune, o mieloma múltiplo é tratado com quimioterápicos e corticoides, o que provoca uma imunossupressão extra, diminuindo a resistência do organismo para combater o vírus. Além disso, o mieloma múltiplo afeta sobretudo idosos, sendo 66 anos a idade média do diagnóstico. Isso significa que esses pacientes também tendem a ter outras comorbidades, o que agrava ainda mais o quadro.
Não baixar a guarda
As medidas de prevenção para evitar a contaminação pelo Sars-Cov-2, o vírus da Covid-19, são as mesmas para todas as pessoas: uso de equipamento de proteção individual (EPI) como as máscaras, por exemplo, higienização constante das mãos com água e sabão ou álcool em gel 70%, distanciamento físico e, quando possível, testagem do paciente e das pessoas que estão em contato com ele. Considerando o grau de vulnerabilidade dos portadores do mieloma múltiplo, é recomendada adesão irrestrita aos protocolos de segurança.
Outra medida fundamental é manter o acompanhamento médico e seguir à risca as prescrições medicamentosas. O especialista pode, por exemplo, verificar se o paciente é elegível para receber as novas versões orais dos quimioterápicos aplicados no tratamento do mieloma múltiplo, que foram recentemente autorizadas para uso no Brasil.
Com essas novas opções, os pacientes podem realizar o tratamento sem ter que sair de casa.
No caso daqueles que precisam continuar a usar os serviços de infusão para receber as doses endovenosas periódicas de quimioterápicos, é importante certificar-se de que a instituição segue medidas profiláticas para evitar a contaminação. A BP, por exemplo, adotou em todas as instalações, incluindo o centro de infusões, fluxos separados para pacientes com e sem Covid-19, garantindo que esses grupos e as equipes que os atendem nunca se cruzem.
Em caso de suspeita ou confirmação de contaminação pelo novo coronavírus, o médico que acompanha o paciente com mieloma múltiplo deve ser prontamente informado. Não existe um tratamento específico para paciente de mieloma múltiplo com Covid-19. A conduta terapêutica será adotada em função de cada paciente e da gravidade do caso.
Indivíduos com mieloma múltiplo que não desenvolverem a forma grave da Covid-19 poderão permanecer de quarentena em casa, com monitoramento médico a distância. Instituições como a BP oferecem esse suporte, inclusive por meio de teleconsulta. Nesses casos, a medicação para o mieloma será temporariamente suspensa, em torno de 14 a 21 dias. O tratamento será retomado somente após o teste de PCR para Covid-19 apresentar resultado negativo.
Essa orientação muda para pacientes que acabaram de ser diagnosticados com a doença ativa. Ou seja, eles devem iniciar logo o tratamento medicamentoso para o controle do mieloma múltiplo, visando impedir o agravamento do caso.
Para todos os pacientes, vale lembrar: essa epidemia um dia vai passar, mas o câncer não espera. Ele deve ser tratado com cuidado e critério.
Fonte: Breno Moreno de Gusmão – CRM: 166.471 SP
Data da última atualização: 3/5/2021