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Imunoterapia é alternativa estratégica para o tratamento dos linfomas

Utilizada mais precocemente nos pacientes recaídos, essa modalidade terapêutica aumenta a chance de cura ou controle da doença para indivíduos que já não têm mais alternativa de tratamento

A imunoterapia, tipo de tratamento que visa induzir o próprio sistema imunológico do paciente a combater as células doentes do corpo, está se consolidando no Brasil como uma importante alternativa para o enfrentamento dos linfomas, cânceres que afetam os linfócitos, as células de defesa do nosso organismo, localizadas nos gânglios linfáticos.

No nosso país, até 2021, essa modalidade só era autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para o tratamento de linfomas quando a doença retornava (recidiva) e já haviam sido aplicadas todas alternativas de tratamentos precedentes, ou seja, após quimioterapia, associada ou não a radioterapia, e o transplante de medula óssea. A partir deste ano, ela foi aprovada para o tratamento de linfoma de Hodgkin em pacientes em estágios mais precoces da recidiva. Espera-se que, em breve, ela seja aprovada para este mesmo tipo de aplicação na recidiva de linfoma não Hodgkin, como já acontece nos Estados Unidos e Europa.

Com a imunoterapia, o sistema imunológico do paciente aprende a desarticular uma arma química que as células do linfoma secretam: a proteína PDL-1, substância que as tornam invisíveis para os glóbulos brancos (leucócitos), células responsáveis por combater agentes agressores do nosso organismo. Sem contar com esse recurso de camuflagem, as células anormais podem ser atacadas e naturalmente eliminadas pelos leucócitos. Na BP, tratamentos imunoterápicos à base de inibidores deste mecanismo (inibidores de PD-1 ou inibidores de check-point) já estão disponíveis e sendo usados.

Essa novidade significa novas chances de cura ou controle para os pacientes com linfoma de Hodgkin, particularmente para aqueles que tiveram muitas recaídas ou que não tinham mais esperança de que os tratamentos anteriores tivessem efeito. Pacientes que não são elegíveis ao transplante de medula óssea também poderão recorrer mais cedo à imunoterapia. De cem pacientes submetidos aos primeiros tratamentos, em função do estadiamento da doença (da sua agressividade), cerca de cinco até trinta deles apresentarão retorno da enfermidade e poderão depender, em algum momento, da imunoterapia.

As novidades não param por aí. Para o futuro próximo, os centros onco-hematológicos de referência do país, como a BP, também iniciarão tratamentos a partir da terapia personalizada com CAR-T Cells, uma combinação de terapia gênica com imunoterapia. Por meio desse método terapêutico, linfócitos T (importantes células do nosso sistema de defesa) são extraídos do paciente para, a partir de manipulação de seu código genético, serem treinados a agir de forma mais efetiva contra células doentes. Essas células são multiplicadas e reinjetadas no paciente para que trabalhem combatendo o linfoma.

rata-se, enfim, de avanços que não são simples promessas. São realidades de um futuro que já bate na nossa porta.

Fonte: Juliana Zanetti, nutricionista

Data da última atualização: 29/11/21