Febre, sangramentos, palidez, aumento dos gânglios, inchaço do baço e fígado e dores musculoesqueléticas são os principais sintomas da leucemia linfoide aguda (LLA), doença provocada por mutações genéticas que fazem com que a medula óssea passe a fabricar de forma descontrolada linfócitos (glóbulos brancos) defeituosos. Esse câncer hematológico pode afetar tanto adultos como crianças e adolescentes. Ele exige diagnóstico rápido, detalhado e preciso. O tratamento, realizado a partir de rigorosos protocolos médicos, tem evoluído continuamente.
Diagnóstico
Mediante suspeita, o primeiro recurso empregado para investigar a presença da LLA é o hemograma, exame de sangue capaz de descobrir se existem células doentes geradas na medula circulando na corrente sanguínea. Caso positivo, outros exames serão necessários para confirmar e refinar o diagnóstico:
Tratamento
A LLA foi um dos primeiros tipos de câncer que a medicina conseguiu curar com a quimioterapia. Hoje, esse tratamento de base da doença está bem ancorado em protocolos quimioterápicos que envolvem múltiplos tipos de medicamentos, várias formas de combinação e diferentes esquemas de administração (tempo de infusão, quantidade de ciclos etc.).
Além do contínuo aperfeiçoamento desses protocolos e da gama de quimioterápicos, o tratamento da LLA tem registrado importantes avanços com o desenvolvimento de outras classes de medicamentos e novas abordagens terapêuticas.
No campo da imunoterapia (ou terapia celular), que envolve a utilização de anticorpos monoclonais (proteínas sintetizadas em laboratório) para induzir o próprio organismo do paciente a matar as células leucêmicas, um dos destaques é o blinatumomabe. Esse anticorpo conecta as células doentes aos linfócitos T saudáveis, células do sistema imune que vão se encarregar de eliminar as primeiras. Esse medicamento é especialmente útil nos casos em que as células doentes resistiram ao tratamento quimioterápico (doença residual) ou de recidiva (volta da doença após o tratamento). Sua incorporação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) já está sendo estudada.
Na área da terapia-alvo molecular, a novidade é o inotuzumabe, proteína que funciona como um míssil teleguiado que injeta dentro das células doentes um potente quimioterápico que age toxicamente somente na célula-alvo, preservando as demais células saudáveis. Já exitem estudos analisando sua aplicação como primeira linha de tratamento, ou seja, antes mesmo da administração dos quimioterápicos convencionais, que agem sistemicamente em todo o organismo.
Avanços também têm sido obtidos com o desenvolvimento de inibidores de BCR-ABL, indicados para até 30% dos pacientes com LLA associada à alteração cromossômica Philadelphia. Pessoas com essa característica genética têm doenças mais agressivas, uma vez que a enzima BCR-ABL associada ao cromossomo Philadelphia estimula a multiplicação das células defeituosas da leucemia. Entre esses inibidores mais promissores, estão o imatinibe, o dasatinibe e o ponatinibe. Esses medicamentos foram testados inicialmente em leucemias mieloides crônicas e agora estão sendo usados para a LLA de forma isolada ou combinada com quimioterapia.
Estudos genéticos também descobriram um novo subtipo de LLA parecido com a LLA com cromossomo Philadelphia. Chamada de leucemia linfoide aguda Philadelphia-like, ela atinge 20% dos portadores da doença. Atualmente, há estudos analisando a eficácia dos inibidores de BCR-ABL nesse subtipo.
Inovação disruptiva
A mais recente novidade é a terapia de CAR-T, aprovada há pouco tempo no Brasil para uso nos pacientes com LLA. Trata-se de uma inovadora forma de tratamento baseada na combinação de engenharia genética com os conhecimentos das terapias-alvo. Extraídas do sangue dos pacientes e manipuladas em laboratório, células T do sistema imune são ensinadas a atuarem como soldados especializados no combate às células leucêmicas. A ideia é que elas eliminem todas as células defeituosas até levar à remissão da doença. Considerado revolucionário, esse tipo de tratamento já vem sendo utilizado nos Estados Unidos. No Brasil, deve começar a ser desenvolvido até meados deste ano, colocando nosso país no mapa de novas formas de cura da LLA.
O Hospital BP ampliou o Centro de Oncologia e Hematologia. O novo modelo cancer center permite tratamento integral que vai desde o rastreio até a reabilitação pós-tratamento de pacientes oncológicos.
Fontes: Fabio Pires de Souza Santos - CRM/SP 108.253
Data da última atualização: 29/04/2022