O câncer de próstata é o mais incidente na população masculina depois do câncer de pele não melanoma. Entretanto, após o tratamento da doença inicial, sua progressão para metástase (quando se dissemina para outras partes do corpo) não é tão comum. Também é raro que a descoberta do tumor ocorra já em fase metastática, pois geralmente a lesão é diagnosticada em estágio inicial.
Embora não tenha cura, as opções de tratamento do câncer de próstata metastático têm avançado de maneira importante, aumentando a expectativa de vida e com melhor qualidade, devido à redução dos efeitos colaterais. A estratégia de cuidado é personalizada, considerando múltiplos fatores, como o tipo de tumor e o quadro clínico do paciente.
A cirurgia para retirada da próstata não é indicada nos casos em que já se apresentam com metástases. Há muito tempo, é adotada a estratégia de privação hormonal com injeções que têm o objetivo de bloquear a produção de testosterona pelos testículos, visando controlar a evolução da doença. Nos últimos anos, o tratamento é frequentemente associado a outras medicações anti-hormonais orais ou mesmo com quimioterapia, que demonstraram melhorar ainda mais o controle do câncer de próstata metastático. Os medicamentos hormonais orais já estão em sua segunda geração (abiroterona, apalutamida, darolutamida e enzalutamida), sendo muito mais eficazes que os da geração anterior. Atualmente, a combinação de medicação injetável e oral é considerada a melhor estratégia terapêutica nesses casos.
Novidades
Uma das importantes novidades para o tratamento de câncer de próstata metastático são os radiofármacos, medicamentos com propriedades radioativas que emitem a radiação exclusivamente nas células cancerígenas a fim de destruí-las. No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já aprovou o radiofármaco Rádio 223, que é aplicado via intravenosa uma vez por mês, geralmente com um total de seis aplicações, apresentando boa eficácia e poucos efeitos colaterais. Outro radiofármaco, o Lutécio 177 PSMA, está em fase de aprovação definitiva pela Anvisa e possui eficácia bastante promissora.
Outra frente promissora é a terapia-alvo molecular, que utiliza medicamentos que atacam especificamente as células cancerígenas, com base na identificação da mutação genética associada àquele tipo de tumor. Parte dos tumores de próstata está associada a mutações dos genes BRCA 1 e BRCA 2 (mesma origem de alguns tipos de cânceres de mama e ovário). As mulheres com cânceres associados a essas mutações já se beneficiam do medicamento de terapia-alvo olaparibe, entre outros para diferentes alvos moleculares. Recentemente, o olaparibe recebeu a aprovação da Anvisa para o câncer de próstata metastático nos casos de pacientes com mutação nos genes de reparo de DNA, como o BRCA 1 e o BRCA 2, e que não responderam a tratamento hormonal prévio com os novos medicamentos hormonais orais.
São muito bem-vindos os avanços da oncologia no tratamento do câncer de próstata metastático. Essas novas opções terapêuticas trazem esperança de um melhor e mais prolongado controle na evolução da doença e com melhor qualidade de vida. Adicionalmente, é muito importante enfatizar a importância dos exames de rastreamento – toque retal e exame de PSA – para a detecção precoce de tumores de próstata. As pessoas já sabem, mas nunca é demais repetir: quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de cura.
Fonte: Fábio Roberto Kater (CRM 99.002), Fábio Augusto Barros Schutz (CRM 11.4313)
Data da última atualização: 24/9/2021