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O que muda na vida da mulher após o tratamento do câncer de mama?

Depois de vencer a doença, é importante contar com suporte médico e de outros profissionais para retomar as atividades físicas e lidar com alguns reflexos do tratamento, como os impactos na autoestima e na vida sexual

Às vezes, a alegria de superar o câncer de mama vem acompanhada de outros problemas que precisam ser enfrentados: as inseguranças e os impactos na autoestima, na vida sexual e nos relacionamentos. São aspectos que podem estar relacionados com as cicatrizes ou retirada total da mama na cirurgia ou com efeitos colaterais de tratamentos como a quimioterapia e a hormonioterapia, realizados para prevenir o retorno do câncer. Como lidar com essas questões?

Um passo importante é retomar as atividades de rotina, como trabalho, estudos e prática de atividades físicas. Isso ajuda a ter novamente um senso de normalidade, como era a vida antes da doença.

Os exercícios, especificamente, são recomendados também para quem não tinha esse hábito. Eles contribuem para a recuperação, o condicionamento físico, redução dos sintomas de fadiga e melhora da autoestima e da sensação de bem-estar. Estudos mostram que exercitar-se após o tratamento também ajuda a reduzir o risco de recidiva (retorno da doença) associado à obesidade.

A retomada ou início da prática de exercícios físicos deve ser gradual, começando com menor frequência e ritmo, de acordo com a orientação do médico. Em geral, são recomendadas atividades aeróbicas, como caminhada, corrida e bicicleta, entre outras.

Sexualidade e autoestima
A mama é parte da identidade feminina. Dependendo do caso, extrai-se apenas uma pequena parte e, em outros, a remoção precisa ser total, às vezes até das duas mamas. Mesmo que a reconstrução seja imediata (e hoje há técnicas que garantem excelente resultado estético), pode ter um peso psicológico grande para a mulher, abalando sua autoestima e fazendo com que não se sinta mais atraente, muitas vezes evitando ter relações sexuais. O apoio da pessoa ao seu lado na relação é fundamental para que ela recupere a autoestima e siga com uma vida sexual satisfatória. Para quem tiver mais dificuldade em lidar com a situação, a recomendação é buscar ajuda de um psicólogo.

A vida sexual nessa fase precisa ser considerada pelos médicos, abrindo espaço para que as mulheres sintam-se confortáveis para fazer questionamentos e relatar desconfortos ou outros fatores que interfiram na relação sexual. Atualmente são muitas as opções para contornar eventuais efeitos colaterais dos tratamentos. A quimioterapia, por exemplo, pode facilitar a ocorrência de vaginites (inflamações por fungos, como a candidíase), causando secura vaginal e dor na relação sexual. Porém, a vaginite é facilmente tratada com medicamentos.

Já a hormonioterapia pode ter efeitos na libido, causar secura e atrofia vaginal, tornando a relação sexual dolorosa. Para a secura, podem ser indicados hidratantes vaginais para serem aplicados na hora da relação ou de uso diário contínuo durante seis meses. Outra opção é o ácido hialurônico, usado localmente todos os dias por seis meses. Se esses métodos não funcionarem, é possível a aplicação de laser para rejuvenescimento e recuperação das condições naturais da vagina, tratamento eficaz, mas de custo mais elevado.

A redução da libido é observada em cerca de 40% das mulheres que fazem hormonioterapia. O problema pode ser minimizado com a administração de fitoterápicos formulados com diferentes plantas que, segundo alguns estudos e relatos de pacientes, funcionam de fato. A condição emocional também pode interferir, como baixa autoestima e insegurança com o corpo, por exemplo. Porém, diálogo, carinho, compreensão e paciência são muito importantes na relação do casal.

Outro ponto é que é sempre importante contar com acompanhamento do médico, que avaliará as causas orgânicas, indicará o melhor tratamento e, quando necessário, poderá encaminhar a paciente para um psicólogo ou terapeuta sexual para lidar com as questões emocionais e psicológicas. Depois de vencer o câncer, é fundamental retomar a vida normal e a alegria de viver. E, se tiver alguma barreira atrapalhando, é preciso superá-la. Como vimos, caminhos existem. Basta procurá-los.

Fonte: Alfredo Carlos Simões Dornellas de Barros - CRM/SP 31.918 SP

Data da última atualização: 25/1/2022