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O número crescente de implantes de mama no Brasil e no mundo colocou em foco uma doença onco-hematológica que, embora muito rara, precisa ser conhecida: o linfoma anaplásico de células grandes associado ao implante mamário.
Esse tipo de linfoma de células T surge na cápsula que se forma em torno da prótese, separando-a do restante da mama. Por razões ainda não totalmente esclarecidas, ocorrem reações inflamatórias crônicas nessa estrutura que levam ao desenvolvimento da enfermidade.
Já se observou que a doença é mais associada aos implantes texturizados do que aos lisos. Os texturizados representam uma evolução das próteses, pois diminuem a contratura capsular, que é o endurecimento indevido das mamas. Especula-se que as texturas existentes nesses modelos possam favorecer o alojamento de bactérias, desencadeando os processos inflamatórios que propiciam a formação do linfoma.
Descobrindo o linfoma
A doença só foi descrita e classificada pela medicina nesta década. Menos de mil casos foram registrados no mundo, frente aos cerca de 40 milhões de mulheres com implantes em todo o planeta. Contudo, reconhecendo que ter mais informação sobre o tema é estratégico para garantir a segurança das mulheres, países como Estados Unidos, França, Itália, Inglaterra e Austrália já criaram bancos de dados para registro de novos casos.
O surgimento da doença ocorre, em média, entre sete e onze anos depois da colocação da prótese. O sintoma mais comum é o seroma, acúmulo de líquido abaixo da pele, junto ao local do implante. O seroma pode aparecer por vários motivos, principalmente logo após a cirurgia, mas quando surge tardiamente, dando às mulheres a sensação do aumento de volume da mama, é importante cogitar a possibilidade dessa doença rara.
Diferentemente de todos os outros linfomas, o tratamento do linfoma associado ao implante mamário é cirúrgico, uma vez que em 75% dos casos a doença é autolimitada, ou seja, o linfoma está restrito à cápsula. Isso significa que uma cirurgia para extração da prótese é um procedimento curativo.
Contudo, como o linfoma é um mal sistêmico, pode ocorrer a infiltração da doença para outros locais, como os gânglios. Isso acontece em 25% das pacientes, o que demanda quimioterapia e, eventualmente, radioterapia. Quanto mais cedo o diagnóstico e tratamento, maior a chance de cura. Sem intervenções terapêuticas, a doença, que começa autolimitada, se espalha para outras regiões do corpo, podendo até ameaçar a vida das pacientes.
Recomenda-se às mulheres que fizeram implante mamário manter acompanhamento anual com seu cirurgião. Na presença do seroma, é preciso sempre cogitar a possibilidade de linfoma. O diagnóstico é feito por meio de exames anatomopatológico e bioquímico (citometria de fluxo) do líquido do seroma.
Mesmo raro, o linfoma associado ao implante mamário já foi registrado no Brasil, inclusive na BP, que se destaca como um centro especializado para o diagnóstico e tratamento da doença.
Fontes: Fabrício Palermo Brenelli – CRM/SP 102.340 e Danielle Leão – CRM/SP 94.841
Data da última atualização: 29/12/2021