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Quais são as novidades em cirurgia de câncer de pulmão?

Procedimentos minimamente invasivos, como videotoracoscopia e cirurgia robótica, trazem importantes benefícios para os pacientes

As cirurgias para retirada de tumores malignos no pulmão e dos gânglios linfáticos da região intratorácica são procedimentos complexos. Antigamente, a única alternativa eram as cirurgias abertas (toracotomia), com cortes no tórax grandes o suficiente para que as estruturas internas pudessem ser vistas e manuseadas pelo cirurgião. Para isso, era necessária a secção dos músculos e o afastamento das costelas, resultando em dores e recuperação mais morosa dos pacientes. Hoje, os procedimentos minimamente invasivos podem ser feitos com uma ou no máximo cinco incisões menores e mudaram completamente esse cenário, pois não há secção dos músculos nem afastamento das costelas.

Realizada com apoio de imagens (microcâmera), a videotoracoscopia evita grande parte das ações que causavam dores maiores no pós-operatório e reduz de cerca de dez dias para dois ou três dias, em média, o período de internação. Além disso, diminui as chances de complicações pós-cirúrgicas que a dor da toracotomia pode gerar. Pacientes com muita dor não respiram profundamente e não conseguem tossir de modo efetivo, o que os predispõe a infecções pulmonares pós-operatórias.

O mais recente avanço na área é a cirurgia robótica, em que o cirurgião maneja os instrumentos cirúrgicos por meio dos braços de um robô, com maior amplitude (pinças articuladas) e precisão dos movimentos. O sistema oferece imagens em 3D, permitindo visualizar a área afetada com profundidade e identificar as estruturas com mais facilidade.

O procedimento minimamente invasivo, robótico ou não, pode ser adotado na maioria dos pacientes. Uma possível limitação para sua realização são tumores maiores, com mais de 7 centímetros. Além disso, se durante a intervenção minimamente invasiva houver dificuldade de manipulação, ou se o tumor tiver invadido estruturas torácicas importantes, como coração, coluna ou costelas, o cirurgião pode optar por converter para procedimento convencional (toracotomia), se for necessário.

Novo direcionamento
Outro aspecto importante foi a mudança nas diretrizes da cirurgia de câncer de pulmão. Assim como aconteceu na cirurgia do câncer de mama, que prioriza retirar partes menores da mama, evitando sua remoção total, a abordagem nos tumores de pulmão busca preservar mais áreas sadias, com segurança oncológica.

A lobectomia, que remove inteiramente o lobo pulmonar (divisão anatômica do pulmão) em que o tumor está localizado, ainda é o padrão mais indicado. Hoje, no entanto, se o tumor tiver até 2 centímetros e estiver em uma localização favorável, pode-se optar pela retirada de uma parte menor do lobo, cirurgia conhecida como segmentectomia pulmonar anatômica. Trata-se de algo importante, considerando que, atualmente, há mais casos de diagnósticos de lesões iniciais, graças aos exames de rastreamento por pessoas do grupo de risco, e o maior número de tomografias feitas devido à Covid-19.

Vale destacar, ainda, novos recursos terapêuticos, como os medicamentos de imunoterapia (que estimulam o sistema imunológico a combater as células cancerígenas) e terapia-alvo (que atacam especificamente as células cancerígenas), além dos avanços da radioterapia e das medicações de quimioterapia. Essas modalidades de tratamento podem ser combinadas com a cirurgia, visando melhores resultados, principalmente nos casos em que a doença atingiu os linfonodos do pulmão ou do mediastino, mas ainda não chegou a dar metástases fora do tórax e do pulmão que contém a lesão primária. Quimioterapia e radioterapia também podem ser adotadas antes do procedimento cirúrgico para reduzir o tamanho do tumor, possibilitando sua remoção em casos que antes não eram limítrofes para cirurgia.

A estratégia de tratamento varia de acordo com o tipo e tamanho do tumor e o quadro de cada paciente. O ideal é seja feita a partir da avaliação de um time integrado por diferentes especialistas, numa abordagem multidisciplinar. Na BP, por exemplo, todos os casos relativos à oncologia torácica são analisados semanalmente por um grupo multiprofissional formado por cirurgiões, oncologistas, radioterapeutas, pneumologistas, radiologistas e patologistas, entre outros, que somam suas expertises para definir a melhor abordagem para cada paciente.

Fonte: Fábio José Haddad – CRM/SP 73.313 e Marcel Martins Sandrini – CRM/SP 141.412

Data da última atualização: 06/10/21