Importante na prevenção dos cânceres ginecológicos, como os de ovário e endométrio, uma alimentação adequada também faz a diferença no enfrentamento dessas doenças, contribuindo para potencializar o tratamento e minimizar efeitos colaterais. O ideal é contar com o suporte de um nutricionista, que levará em conta o tipo, características e estágio do tumor, o perfil e estado nutricional da paciente para estabelecer a dieta mais indicada em cada caso.
Um dos aspectos que ajuda na recuperação da paciente é ter o sistema imunológico fortalecido. Alguns estudos indicam que certos nutrientes auxiliam na resposta imunológica, entre eles: a arginina, presente em alimentos como carne, ovos, laticínios, soja, nozes, farinha e germe de trigo; o ômega 3, encontrado em produtos como chia, linhaça, salmão, sardinha e nozes; e os nucleotídeos, presentes nos frutos do mar, fígado e legumes, entre outros.
Geralmente, a primeira etapa do tratamento é a cirurgia para retirada do tumor. Uma alimentação adequada contribui para que o procedimento seja bem-sucedido. Nesse período, é recomendável aumentar o consumo de proteínas para favorecer a cicatrização. Um alerta importante: álcool e drogas interferem perigosamente na anestesia, podendo até levar à morte. Por isso, seu consumo precisa ser informado ao médico.
Nos dias seguintes à cirurgia, é recomendada uma dieta hipofermentativa, evitando a ingestão de produtos como feijão, leite e derivados. Isso ajuda a prevenir a formação de gases intestinais, flatulência e distensão abdominal.
Na etapa de tratamento pós-cirurgia, com radioterapia, quimioterapia ou imunoterapia, a dieta tem novamente função importante. Para reduzir os efeitos colaterais, devem ser evitados alimentos ultraprocessados (como biscoitos recheados, macarrão instantâneo, refrigerantes etc.), gorduras, carnes processadas, sal, açúcar, doces, frituras e alimentos manipulados ou crus adquiridos fora de casa (para evitar infecções).
Estratégias alimentares também ajudam a lidar com alguns problemas que podem ocorrer nesse período:
No enfrentamento de um câncer, não é incomum ocorrerem sentimentos de ansiedade, irritabilidade, desânimo, depressão e impotência sobre o próprio corpo. Por isso, no processo de adequação da dieta, pode haver alguma resistência, barreira que pode ser vencida com o entendimento de que, se a mulher não controla o câncer, ela pode e deve controlar sua alimentação, mudando hábitos e consumindo alimentos saudáveis indicados pelo nutricionista da equipe multiprofissional, considerando, inclusive, seu gosto pessoal. Quanto melhor a mulher se alimentar, mais energia e disposição terá para enfrentar o tratamento, uma percepção que facilita a aderência à dieta, além de criar um novo padrão na sua alimentação.
O cuidado e a atenção destinados à alimentação durante o tratamento de um câncer ginecológico precisam ser mantidos depois da alta. Retornar ao alto consumo de industrializados, comidas gordurosas, muito sal ou açúcar coloca a paciente que acabou de superar um câncer na zona de maior risco para o retorno da doença. É fundamental manter uma dieta saudável e controlar o peso, evitando a obesidade.
Prevenção
Estudos evidenciam que a alimentação também pode ter um efeito protetor contra o câncer ginecológico, com inclusão regular no cardápio de vegetais frescos, frutas e hortaliças (que trazem uma combinação de micronutrientes, antioxidantes e fibras alimentares), carnes brancas, cereais integrais e alimentos ricos em fitoestrogênios (produtos com propriedades estruturais e funções semelhantes aos hormônios estrogênios), como frutos secos, produtos de soja, grãos e sementes (linhaça, gergelim, girassol etc.).
Já um cardápio desequilibrado pode, entre outros problemas, resultar em obesidade, um comprovado fator de risco para vários tipos de câncer. Contribuem para aumentar o risco: excesso de gorduras saturadas, carne vermelha, carboidratos, alimentos defumados e embutidos, conservantes e consumo de álcool.
Em resumo, seja na prevenção de um câncer, no tratamento da doença ou depois dele, com o intuito de minimizar o risco de recidiva, o que você coloca no prato faz toda a diferença.
Fontes: Graziela Dal Molin – CRM/SP 147.913; José Carlos Sadalla – CRM/SP 97419; Juliana Zanetti (nutricionista) e Leane Santos (nutricionista)
Data da última atualização: 03/03/2022