A artrite reumatoide é uma doença autoimune crônica que afeta várias articulações, como as das mãos, punhos, pés, cotovelos, joelhos e tornozelos, na maioria das vezes de forma simétrica, ou seja, de ambos os lados do corpo. A enfermidade está associada a uma disfunção do sistema imunológico, que passa a produzir anticorpos que atacam o tecido cartilaginoso das articulações, levando à sua destruição progressiva. O gatilho que dispara essa alteração é geralmente desconhecido e envolve fatores genéticos e ambientais.
A artrite reumatoide atinge duas vezes mais mulheres do que homens, e os primeiros sintomas costumam se desenvolver entre os 30 e 50 anos de idade. Quando a doença se inicia acima dos 60/65 anos, é chamada de artrite reumatoide do idoso. Estima-se que cerca de 0,5% a 1% da população sofre com essa doença.
Embora as articulações sejam as partes do corpo mais comprometidas, em casos raros a artrite reumatoide pode atingir outros órgãos, como pulmão, pele e olhos, entre outros.
Além das articulações, o pulmão é um importante alvo de cuidado, uma vez que a artrite pode desencadear uma doença pulmonar que causa falta de ar e tosse crônica, chamada pneumopatia intersticial. Outra complicação que pode ocorrer raramente é uma condição denominada Síndrome de Felty, caracterizada pelo aumento do baço e dos gânglios linfáticos, além da redução dos glóbulos brancos e plaquetas no sangue.
A artrite reumatoide não tem cura, mas tem tratamento. Quanto antes diagnosticada e tratada, melhor. Sem controle, a doença segue em progressão, podendo levar à destruição da cartilagem articular, resultando em deformidades e incapacidades que podem limitar os movimentos e prejudicar a realização de diversas atividades.
A artrite reumatoide tem uma forte base genética. Assim, pessoas que têm parentes de primeiro grau (pai, mãe, irmãos) com a doença têm risco de desenvolver a doença aumentado de duas a cinco vezes. Contudo, a artrite pode estar associada a outros fatores que funcionam como gatilhos que desencadeiam o surgimento da doença, entre eles:
Os sintomas mais comuns da artrite reumatoide se manifestam nas articulações, com intensidade variável e períodos em que pode estar mais ou menos ativa. Os principais sintomas são:
O diagnóstico da artrite reumatoide exige uma avaliação criteriosa e detalhada, pois seus sintomas não são exclusivos da doença. Outras enfermidades, como infecções (Chikungunya, por exemplo), podem provocar inflamação nas articulações. Levando isso em conta, o médico poderá solicitar a investigação de infecções e outras doenças que possam estar relacionadas a quadros inflamatórios articulares.
Também podem ser solicitados exames de sangue, incluindo a dosagem do fator reumatoide e do anticorpo anti-CCP, sendo que o resultado positivo aumenta a suspeita para a doença. São indicados, ainda, exames laboratoriais que avaliam a presença de inflamação no organismo, como o VHS (velocidade de hemossedimentação) e o PCR (proteína C reativa). A constatação dos níveis elevados desses marcadores fortalece a hipótese diagnóstica de artrite.
Apesar de o exame físico permitir uma boa avaliação da inflamação articular e já́ identificar deformidades, em alguns casos será preciso recorrer a exames de imagens, pois a inflamação pode não ser evidente apenas pela observação clínica. O raio-X das mãos e dos pés pode revelar sinais de alterações estruturais, como erosões ósseas. Já a ressonância magnética e o ultrassom articular são ferramentas complementares que permitem uma análise mais detalhada, identificando inflamações sutis e a extensão do dano articular.
Nenhum exame isolado confirma o diagnóstico. É a combinação dos achados clínicos, laboratoriais e de imagem que permite a confirmação do diagnóstico da artrite reumatoide.
A estratégia para o controle da artrite reumatoide está baseada em dois pilares: tratamento não medicamentoso e medicamentoso. É a combinação dessas duas frentes que evita a progressão da doença, suprime sintomas e garante melhor qualidade de vida.
O primeiro passo para o bom controle da artrite reumatoide envolve a mudança no estilo de vida do paciente. Como em outras doenças, hábitos saudáveis somam pontos importantes.
Além disso, é importante o controle de comorbidades, como diabetes, hipertensão e colesterol alto, pois pessoas com artrite reumatoide apresentam um risco aumentado de complicações cardiovasculares, como infarto e AVC.
A abordagem medicamentosa é individualizada, variando de acordo com o perfil do paciente, gravidade do caso e grau de tolerância aos efeitos dos medicamentos passíveis de serem administrados. Além disso, mulheres grávidas ou que desejam engravidar em breve precisam ser avaliadas pelo seu reumatologista, que pode ajudar a programar a gestação, ajustando o tratamento com medicações que sejam compatíveis com a gravidez.
Inicialmente, costuma-se indicar corticoides e anti-inflamatórios, especialmente nos casos em que a inflamação está muito ativa. Esse tipo de medicamento, no entanto, é administrado pelo menor tempo possível para evitar efeitos colaterais.
Também estão na base do tratamento as drogas modificadoras de doença, conhecidas como imunossupressores. São substâncias que ajudam a regular os níveis de atividade do sistema imunológico. Incluem medicamentos como metotrexato, hidroxicloroquina, leflunomida e sulfasalazina. O metotrexato é geralmente a primeira escolha. Caso a resposta ao tratamento não seja adequada, pode-se associar outra medicação.
Para pacientes cuja doença não é controlada apenas com imunossupressores, podem ser indicadas as terapias imunobiológicas, que atuam bloqueando vias específicas do sistema imunológico. Nessa categoria, se incluem medicamentos como infliximabe, adalimumabe, além de outras opções, como tocilizumabe, abatacepte e rituximabe. Existem também as drogas modificadoras de doença sintéticas alvo-específicas, como tofacitinibe, upadacitinibe e baricitinibe, que oferecem alternativas para casos refratários.
Os imunobiológicos podem ser administrados por infusão intravenosa em centros especializados ou por injeção subcutânea, dependendo da medicação. O tratamento é ajustado de acordo com a resposta do paciente. Embora a artrite reumatoide seja uma doença crônica, com bom controle da doença pode haver reduções na dose e quantidade de medicamentos usados ao longo do tempo.
É importante ressaltar que essas medicações podem reduzir a imunidade, tornando o paciente mais suscetível a infecções. Por isso, a aplicação de imunobiológicos é adiada em casos de infecção ativa. Além disso, vacinas de vírus vivo, como a da febre amarela, são contraindicadas, enquanto vacinas de vírus inativado, como as da gripe e da hepatite B, são altamente recomendadas.
A medicina tem adotado novos conceitos e critérios para diagnosticar e tratar a artrite reumatoide precocemente. Um desses conceitos, é a artralgia clinicamente suspeita, termo que se refere a pacientes que apresentam dores articulares iniciais, mas que não desenvolveram todos os sintomas característicos da artrite reumatoide. Esses indivíduos podem ter predisposição genética ou outros fatores de risco e, por isso, uma vez identificados, são monitorados mais de perto. Esse acompanhamento mais atento permite uma intervenção precoce caso a doença de fato se desenvolva, reduzindo as chances de progressão.
No âmbito dos medicamentos, as pesquisas estão focadas no desenvolvimento de imunobiológicos que atuem em novos mecanismos de ação do sistema imunológico.
Somos um hospital de referência no diagnóstico e tratamento da artrite reumatoide, oferecendo uma abordagem completa e integrada para os pacientes.
Um dos nossos trunfos é contar com uma equipe multidisciplinar altamente capacitada. Além da consulta inicial e do acompanhamento com o reumatologista, o paciente tem acesso a fisioterapeutas, nutricionistas e outros especialistas que auxiliam no controle da doença e na melhora da qualidade de vida. Esse cuidado multidisciplinar permite um tratamento mais abrangente e personalizado.
Outro destaque é o nosso Centro de Infusão, uma estrutura estratégica para o cuidado da artrite reumatoide. Assim, nossos pacientes podem receber tratamentos medicamentosos no mesmo lugar onde realizam consultas e exames, garantindo mais praticidade e segurança. Essa opção é fundamental para pessoas que utilizam medicações imunobiológicas.
Antes de cada aplicação do medicamento, o paciente passa por uma avaliação criteriosa que inclui:
Igualmente importante são os padrões de segurança tanto no armazenamento quanto na administração dos medicamentos, cuja eficácia depende das condições adequadas de conservação e aplicação.
Além disso, o Centro de Infusão conta com um sistema de comunicação integrada entre os profissionais de saúde. Isso significa que o médico que acompanha a aplicação do medicamento pode se comunicar diretamente com o reumatologista responsável pelo paciente, permitindo ajustes rápidos no tratamento quando necessário.
Vale destacar, ainda, que o Centro conta com boxes individuais, o que garante ao paciente privacidade e conforto. É um ambiente tranquilo e acolhedor, que combina os melhores requisitos técnicos com um atendimento humanizado. O empenho para proporcionar uma boa experiência ao paciente se revela até em pequenos detalhes, como auxílio no agendamento das sessões e na obtenção das aprovações junto ao plano de saúde.
Fonte: Dra. Jeane Barco dos Santos – CRM/SP 211053