Doença

Doença de Crohn

Entendendo a doença

A doença de Crohn é uma enfermidade inflamatória crônica que afeta principalmente o intestino delgado e o cólon (intestino grosso), mas pode acometer qualquer parte do trato gastrointestinal, desde a boca até o ânus. Trata-se de uma condição crônica que, além da inflamação, pode provocar estenoses (estreitamento de regiões intestinais) e fístulas (conexão anormal entre duas partes do organismo que não deveriam estar conectadas).

É uma doença autoimune, ou seja, o próprio sistema imunológico passa a gerar inflamação e atacar células e tecidos saudáveis da pessoa, provocando níveis variados de disfunção. Por que isso acontece? Não há uma causa específica e, sim, uma combinação de fatores que acaba ativando o gene responsável pelo desencadeamento da doença. Trata-se de predisposição genética associada a aspectos ambientais, imunológicos e microbiológicos (infecções e colonização por microrganismos como bactérias, vírus e fungos) e hábitos de vida não saudáveis que fazem disparar o ataque do sistema imunológico contra o próprio organismo.

Os adultos jovens são os mais afetados, mas não são raros casos em pacientes idosos.

Antigamente, era considerada uma doença rara, mas isso não é mais verdade: a incidência da doença de Crohn vem aumentando no Brasil e no mundo, o que torna importante chamar a atenção e divulgar informações sobre o tema.

Ainda não existe cura para a doença, mas os tratamentos têm evoluído bastante. O diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para um melhor prognóstico, evitando muitas vezes complicações que podem exigir até procedimentos cirúrgicos. No entanto, pela desinformação, desconhecimento dos sintomas, demora em buscar cuidados médicos, falta de especialistas e outros fatores, muitos pacientes levam dois anos ou mais até ter o diagnóstico correto.

Sintomas

Os sintomas mais comuns da doença de Crohn são:

  • Dor abdominal
  • Diarreia crônica, com ou sem sangue, que perdure um mês ou mais
  • Perda de peso
  • Anemia e deficiência de nutrientes

De forma menos comum, a doença pode se manifestar fora do trato gastrointestinal, afetando articulações (dor articular), pele (lesões na pele) e olhos (inflamação em tecidos oculares). Essas manifestações podem ocorrer antes, durante ou após os sintomas gastrointestinais.

A intensidade dos sintomas e gravidade da doença de Crohn varia de pessoa para pessoa. Mas, de forma geral, os pacientes alternam períodos de exacerbação e de remissão da doença.

Diagnóstico

Além da avaliação dos sintomas, o diagnóstico envolve:

Exames laboratoriais

  • Exame de sangue para avaliar anemia (nível de hemoglobina) e perfil nutricional;
  • Nível de proteína C reativa e velocidade de hemossedimentação (alteração é indicativa de inflamação);
  • Calprotectina fecal (exame de fezes que avalia o grau de inflamação).

Exames de imagem

  • Tomografia e ressonância magnética de abdome.
  • Endoscopia e colonoscopia para detectar a gravidade de acometimento e a existência de estenose ou fístula, além de permitir a coleta de biópsia para analisar alterações microscópicas das células características da doença.

Tratamento

A doença de Crohn não tem cura, mas o tratamento adequado permite o controle dos sintomas e da evolução do quadro inflamatório, evitando complicações.

Os medicamentos mais adotados são os imunossupressores e os imunobiológicos. Estes últimos têm evoluído de maneira importante, com resultados mais efetivos e menos risco de complicações, já que são mais seletivos em sua ação.

Como o tratamento envolve comprometimento do sistema imunológico, alguns cuidados são importantes. Antes do seu início, é realizada uma série de exames para rastreamento de possíveis infecções, como hepatites virais, tuberculose e infecção pelo vírus HIV. Vacinas que usam vírus vivo atenuado (como febre amarela e herpes zoster) também são administradas antes de começar o tratamento. Durante o tratamento são admitidas vacinas com vírus inativado ou partículas virais (como influenza, hepatite A e B, Covid e HPV).

O tipo de medicação é definido caso a caso, dependendo do perfil do paciente e das características da doença. Em manifestações leves, opta-se pelo tratamento convencional e mais simples, com imunossupressores por via oral. Para casos mais avançados ou graves, são indicados imunobiológicos. Alguns são administrados por via oral, outros por injeção subcutânea e outros por infusão endovenosa. Esta modalidade costuma ter sessões a cada 4 ou 8 semanas.

Na BP, a estratégia de tratamento foca três objetivos: a resposta/remissão clínica (o que significa a melhora dos sintomas), a normalização dos exames laboratoriais e a remissão endoscópica (fim da inflamação e das lesões, indicando cicatrização das áreas afetadas).

A cirurgia é reservada para casos graves com estenoses ou fístulas complexas ou, ainda, pacientes sem resposta ao tratamento medicamentoso. Em grande parte das cirurgias pode-se optar pela ressecção de parte do intestino, o que pode, mas nem sempre, exigir uma bolsa de ostomia (abertura para a saída das fezes) de maneira provisória ou definitivamente.

Fatores de risco

  • Predisposição genética
  • Tabagismo (um importante desencadeador da doença)
  • Consumo de bebida alcoólica
  • Sedentarismo
  • Alimentação inadequada, com consumo exagerado de alimentos industrializados, ultraprocessados e embutidos, entre outros.

Prevenção

  • Não fumar (também fundamental durante o tratamento)
  • Praticar atividades físicas regularmente
  • Manter uma dieta saudável, privilegiando carnes magras, frutas, legumes e verduras frescas
  • Evitar o consumo de álcool

Novidades

Novos imunobiológicos têm chegado ao mercado e outros estão em estudo. São mais potentes no combate às inflamações e na redução dos sintomas e podem ser direcionados conforme o grau de gravidade e estágio da doença, com minimização dos efeitos no sistema imunológico como um todo.

No Brasil estão no mercado: adalimumabe, infliximabe, certolizumabe, golimumabe, vedolizumabe, ustequinumabe, tofacitinibe, rizanquizumabe e upadacitinibe, estes dois últimos aprovados em 2024 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Na abordagem cirúrgica também houve avanços, com técnicas minimamente invasivas mais seguras e de recuperação mais rápida.

Nossos diferenciais

Na BP, os pacientes com a doença de Crohn contam com cuidados integrados em todas as etapas: diagnóstico, tratamento e acompanhamento, sempre com uma abordagem humanizada e centrada no paciente. Um dos destaques é o Centro de Doenças Autoimunes, um espaço acolhedor, com estrutura moderna, equipe especializada e processos que garantem qualidade e segurança nos tratamentos de infusão.

Boxes individuais proporcionam privacidade e conforto ao paciente. E o atendimento por enfermeiros especializados, que administram e acompanham todo o processo de infusão até sua liberação para a volta para casa, contribui para que a pessoa enfrente com tranquilidade as sessões de tratamento.

Além disso, vale destacar outros aspectos do Centro de Doenças Autoimunes e serviços da BP importantes para os pacientes com doença de Crohn:

  • Completo portfólio de exames laboratoriais e de imagem, incluindo tomografia computadorizada, ressonância magnética, endoscopia e colonoscopia.
  • Equipe multidisciplinar integrada por gastroenterologistas, coloproctologistas e nutricionistas, entre outros profissionais.
  • Disponibilidade da diversa gama de medicamentos imunossupressores e imunobiológicos.
  • Suporte em questões burocráticas, como obter autorização do convênio.
  • Acompanhamento por meio de consultas periódicas e exames para avaliar a evolução e resposta do paciente ao tratamento.

Fonte: Dr. Davi Viana Ramos – CRM/SP 203.394