Doença

Psoríases e seus tipos

Entendendo a doença

A psoríase é uma enfermidade sistêmica, inflamatória e genética. De forma geral, caracteriza-se por lesões na pele, embora não seja uma doença de pele exclusivamente.

Ao contrário do que muitos acreditam, psoríase nada tem a ver com estresse ou aspectos emocionais. Trata-se de uma doença autoimune, ou seja, o próprio sistema imunológico da pessoa passa a atacar suas células ou tecidos saudáveis. O gene responsável pela psoríase está presente em 2% da população mundial, mas desse total só 30% têm história da doença na família.

Na maioria das vezes, o processo é desencadeado por inflamações recorrentes na garganta (amidalite), sinusites e rinites. Mas ele também pode ser alavancado ou piorado por causa de dengue, infecção urinária, candidíase vaginal e infecções bucais, entre outras. O uso de corticoides via oral ou injetável é um vilão importante, que pode desencadear um surto ou agravamento do quadro.

A partir do “gatilho” acionado pela inflamação, ocorre um desequilíbrio do sistema imunológico, afetando os linfócitos T (glóbulos brancos, responsáveis por combater infecções e células cancerígenas) que circulam no sangue, culminando por atingir os linfócitos T da pele. Como consequência, a pele reduz seu intervalo de renovação das células de 28 dias para apenas 7, gerando lesões na forma de placas avermelhadas pelo acúmulo de pele.

Comumente, a psoríase surge entre os 18 e 50 anos, mas pode ocorrer também em crianças e idosos. O surgimento precoce é um complicador: quanto mais cedo se manifestar, mais resistente e de difícil tratamento.

A doença não tem cura, mas tem controle quando bem cuidada por dermatologistas especializados. O portador pode ficar anos sem uma crise.

Cercada de estigmas, a psoríase não é contagiosa. Mas, além de constrangimentos pela reação de outras pessoas, as lesões na pele podem afetar os pacientes emocionalmente e impactar sua qualidade de vida e seus relacionamentos sociais e profissionais.

Importante

Além das lesões na pele, a psoríase sem tratamento adequado pode levar a outros sérios problemas de saúde: obesidade e dificuldade de perda de peso; aumento do colesterol e triglicérides; diabetes; gordura no fígado (esteatose hepática); doença inflamatória intestinal, síndrome do cólon irritável, doença de Crohn e colite ulcerativa; uveíte (inflamação do tecido interno do olho); e complicações cardíacas que podem ocasionar um infarto.

Tipos

  • Psoríase em placas ou vulgar: acomete couro cabeludo, cotovelo e joelho com placas avermelhadas e escamas esbranquiçadas.
  • Psoríase em gotas ou gutata: é mais rara e mais comum em jovens e crianças, manifestando-se como gotas vermelhas, o que pode confundi-la com intoxicação, alergia ou virose. Tem desenvolvimento mais rápido do que a variação em placas.
  • Psoríase ungueal: atinge principalmente as unhas das mãos, sendo muito confundida com micose. São depressões puntiformes ou manchas amareladas.
  • Psoríase artropática ou artrite psoriática: manifesta-se por tendinite, bursite, lombalgia, sintomas que às vezes dificultam e atrasam o diagnóstico, um grave problema, pois pode ser deformante. Nesses casos, deve ser procurado um reumatologista.
  • Psoríase invertida: acomete as dobras na axila, virilha, entre as nádegas ou até nos genitais. Também costuma ser confundida com micose.
  • Psoríase eritrodérmica: atinge entre 80% a 100% do corpo, da cabeça aos pés. É geralmente consequência do uso de corticoides.
  • Psoríase pustulosa: lesões com pus surgem nos pés e nas mãos ou espalhadas pelo corpo.
  • Psoríase palmo-plantar: causa lesões nas palmas das mãos e/ou solas dos pés. É muito confundida com doenças provocadas por fungos, sendo necessário realizar biópsia para o diagnóstico.

Sintomas

Mesmo sendo genética, a doença pode não ter se manifestado na família, com o gene responsável tendo pulado gerações. Por isso é importante procurar um dermatologista assim que notar:

  • Lesões avermelhadas, com ou sem coceira, que podem melhorar, mas acabam retornando
  • Pele ressecada e rachada
  • Coceira, queimação e dor
  • Unhas grossas, sulcadas, descoladas e com depressões

Diagnóstico

Geralmente, a psoríase é diagnóstica a partir da avaliação clínica, mas pode incluir biópsia para confirmação.

Para a psoríase artropática são necessários exames de sangue e de imagem (raio X, ressonância magnética ou tomografia).

Fatores de risco

  • Infecções recorrentes de garganta, sinusite e rinite
  • Uso de corticoides
  • Trauma na pele
  • Coçar muito uma região
  • Tabagismo
  • Consumo excessivo de álcool
  • Obesidade

Prevenção

  • Evitar corticoides
  • Hidratar sempre a pele (inclusive os homens, que não costumam ter o hidratante como parte da rotina de cuidados)
  • Não fumar
  • Evitar bebidas alcoólicas
  • Tomar sol com protetor solar número 30
  • Manter o peso ideal

Tratamentos

Há décadas eram muito usados os corticoides. Nos dias atuais, eles são indicados apenas em casos leves ou moderados, de forma tópica (cremes ou géis aplicados na lesão) e por pouco tempo, caso contrário o produto será absorvido pelo organismo, causando piora do quadro. Corticoides orais ou injetáveis são vetados. Além de agravar o quadro, são desencadeadores da doença.

Para casos graves, o que há de mais moderno atualmente são medicamentos imunobiológicos, alguns disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde). Eles atuam no sistema imunológico, sem necessariamente baixar a imunidade do paciente. Com ação eficaz, agem diretamente na citocina inflamatória (proteína que provoca a inflamação), afetando menos o sistema imunológico como um todo. Alguns desses remédios podem, inclusive, ser administrados em pacientes com comorbidades que antes impediam a utilização desse tipo de medicamento.

Quem faz uso de imunobiológicos não pode tomar vacinas com vírus vivo atenuado (como as de febre amarela, dengue e outras). Esses imunizantes devem ser aplicados apenas antes ou depois do tratamento. O imunobiológico também precisa ser suspenso se houver intenção de engravidar (independentemente se é o homem ou a mulher quem está tratando a psoríase com imunobiológico).

Além de medicamentos, o tratamento pode incluir fototerapia, indicada em casos de psoríase moderada, complementando a medicação tópica, ou psoríase grave, junto com a abordagem sistêmica via oral ou por infusão.

É fundamental buscar um dermatologista especializado em psoríase. Devido à diversidade de tipos da doença e de complicações possíveis, pode ser necessário envolver também médicos de outras especialidades – endocrinologistas, reumatologistas, gastroenterologistas e oftalmologistas, entre outros –, além de profissionais como fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos.

O controle da psoríase é capaz de mudar a vida do paciente, que renova sua autoestima e reconquista a qualidade de vida.

Algumas recomendações importantes:

  • Não se automedique nem use pomadas ou remédios indicados por conhecidos, pois eles podem mascarar os sintomas e atrasar o diagnóstico, além de causar danos colaterais sérios, como alta toxicidade para rins e fígado, entre outros prejuízos à saúde.
  • Se o tratamento inicial não der o resultado esperado, mantenha o acompanhamento com o mesmo médico dermatologista especializado em psoríase, que buscará outras alternativas. Cada vez que você troca de médico, o tratamento volta ao ponto zero.
  • Informe aos médicos de outras especialidades que você tem psoríase, a fim de que eles evitem a prescrição de corticoides para outras enfermidades.

Novidades

A psoríase é uma das doenças mais estudadas do mundo, com mais medicamentos surgindo constantemente. São novos imunobiológicos e outras classes, como os inibidores de JAK (grupo enzimático Janus Kinase), uma recente descoberta para várias doenças aprovada em 2024. O medicamento interfere nas ações orgânicas causadoras de inflamação, reduzindo a inflamação e as lesões da psoríase e artrite psoriática, além de beneficiar pacientes com eczema e vitiligo.

Outra evolução é um imunobiológico aplicado via subcutânea, com ação que se prolonga por três meses e também está disponível no SUS.

Nossos diferenciais

Na BP, os pacientes contam com uma estrutura totalmente dedicada ao cuidado de doenças autoimunes: o Centro de Doenças Autoimunes, que reúne profissionais especializados e modernos recursos tecnológicos em um ambiente acolhedor e com o atendimento humanizado característico do nosso jeito de cuidar.

A área inclui um centro de infusão para a aplicação de medicamentos via endovenosa ou subcutânea, seguindo rigorosos protocolos e controles de qualidade e segurança. Os boxes são individuais, garantindo conforto e privacidade ao paciente.

Além disso, na BP o paciente dispõe de todos os serviços necessários ao cuidado da psoríase: exames laboratoriais e de imagem, recursos de tratamento, médicos de outras especialidade que podem atuar em conjunto com o dermatologista especializado em psoríase e acompanhamento por equipe multidisciplinar.

O Centro tem também por objetivos reforçar as atividades de estudos científicos e de divulgação e conscientização da população acerca da psoríase e outras doenças autoimunes.

Fonte: Cid Sabbag (médico dermatologista) – CRM-SP 69.894/ RQE 31.993