Constipação Intestinal (Prisão de ventre)

Entendendo a doença

Problema frequente na infância, que sem o tratamento adequado pode se estender até a vida adulta, a constipação intestinal (prisão de ventre) é caracterizada pela baixa frequência das evacuações, fezes endurecidas e secas. A detecção e o tratamento precoces são fundamentais para evitar que, frente à dor nas evacuações, os pequenos passem a reter as fezes, o que acaba por complicar o quadro da doença. A retenção continuada pode, inclusive, dilatar o intestino e fazer com que a criança perca a sensação da necessidade de ir ao banheiro. Em alguns casos, também pode levar à incontinência intestinal, quando as fezes líquidas (ainda não formadas) vazam involuntariamente das paredes do intestino – um sintoma que pode ser confundido com diarreia.

No Brasil, estima-se que entre 15% a 30% das crianças sofram do mal, índice acima da média mundial devido principalmente a fatores alimentares (veja Fatores de Risco).

A boa notícia é que a grande maioria dos casos está relacionada a fatores controláveis, como alimentação e estilo de vida, e o problema pode ser resolvido com tratamentos simples.


Tipos

Há dois tipos de constipação intestinal:

  • Funcional – representa cerca de 90% dos casos e não está associada a nenhuma doença. O problema é desencadeado por hábitos alimentares inadequados, falta de atividade física e pouca ingestão de água.
  • Secundária – nesses casos, a prisão de ventre é causada por problemas como hipotireoidismo (disfunção na glândula tireoide que faz com que ela não produza hormônios da tireoide em quantidade suficiente), aumento de cálcio no sangue, doença celíaca (intolerância ao glúten) e megacolon aganglionico (doença congênita caracterizada pela inexistência de células nervosas do intestino, o que impede a criança de sentir a necessidade de evacuar).

Sintomas

Os principais sintomas da constipação intestinal são:

  • Dor e dificuldade na evacuação, mesmo que a criança evacue com frequência.
  • Fezes endurecidas e secas. Às vezes parecem pequenas bolinhas, em outros casos entopem o vaso sanitário.
  • Evacuar menos de três vezes por semana (sintoma considerado a partir dos 4 anos, idade em que as crianças já deixaram de usar fraldas).
  • Medo de evacuar. A criança tenta prender as fezes, muitas vezes ficando em posição de retenção, com as perninhas dobradas.
  • Fezes com sangue.
  • Dor abdominal e cólicas.
  • Incontinência fecal (após constipação prolongada, pode ocorrer eliminação involuntária de fezes líquidas, o que às vezes, é confundido com diarreia).
  • A criança relata uma sensação de evacuação incompleta. Às vezes tenta retirar as fezes com a mão.
  • A quantidade de fezes não é condizente com o volume de alimentação.

Se a criança apresentar algum ou alguns desses sinais, é importante procurar logo o seu pediatra. Quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento, mais fácil resolver o problema. Além da dor e do incômodo físico, a constipação intestinal pode ter reflexos psicossociais. O uso tardio de fraldas ou a incontinência pode causar constrangimento da criança, comprometer a interação social e até gerar bulling por parte dos coleguinhas.


Diagnóstico

O diagnóstico da constipação intestinal do tipo funcional é feito durante a consulta com o pediatra ou gastroenterologista pediátrico, a partir do exame clínico e do relato dos sintomas, como frequência de idas ao banheiro, comportamento de reter as fezes, evacuações dolorosas, um episódio de incontinência fecal por semana (veja detalhes em Sintomas). Um dos recursos que os médicos utilizam para avaliar se a consistência das fezes da criança indica a ocorrência de constipação intestinal é a Escala de Bristol, O diagnóstico da constipação funcional dispensa a realização de exames laboratoriais ou de imagem.

Se a criança apresentar sintomas não relacionados ao quadro funcional, como perda de apetite, náusea, vômito, perda de peso, dor e distensão abdominal intensas, sangramento retal sem presença de fezes, doenças respiratórias de repetição, alterações endócrinas ou histórico de constipação desde a fase de amamentação, o médico poderá suspeitar de constipação intestinal secundária, ou seja, associada a outras doenças. Nesse caso, para confirmar o diagnóstico, ele solicitará a realização de outros exames, de acordo com o caso. Podem ser necessários, por exemplo, exames de sangue (hormônios da tireoide, sorologia para a doença celíaca, dosagem de cálcio) e/ou exames de imagem, como enema opaco (para diagnóstico de megacolon), endoscopia digestiva alta (para diagnóstico de doença celíaca) e endoscopia digestiva baixa (para diagnóstico de causas de sangramento retal e perda de peso, como doença inflamatória intestinal). Também poderá ser indicada a realização de raio X de abdome para avaliar a massa fecal.


Tratamento

O tratamento da constipação intestinal do tipo funcional é bastante simples. De forma geral, ele inclui:

  • Mudança na dieta, com inclusão de alimentos ricos em fibras, como legumes, frutas e verduras.
  • Aumento na ingestão de água (sem substituir a água por sucos, refrigerantes e outros líquidos).
  • Prática de atividades físicas (brincadeiras, esportes e outras atividades que façam a criança de movimentar).
  • Laxante – o medicamento ajuda a esvaziar o intestino sem a dor, desfazendo aos poucos o trauma que leva a criança a reter as fezes. Se o diagnóstico for precoce, antes de a criança desenvolver o comportamento de reter as fezes, o problema pode até ser resolvido com ajuste de alimentação e dos hábitos, sem uso do laxante. Já crianças que têm constipação há mais tempo, podem ter de utilizar o medicamento por um período prolongado (2, 3 anos) até que o intestino retome o funcionamento normal.

Se o caso for de constipação intestinal secundária, ou seja, relacionada com outra doença (veja detalhes em Tipos), esta será o foco do tratamento.


Fatores de risco

Os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento da constipação intestinal são:

  • Alimentação inadequada, com consumo elevado de carboidratos de rápida absorção (farinhas, pão, macarrão, etc.) e baixa ingestão de fibras presentes em legumes, verduras e frutas. A alimentação for incorreta desde o desmame pode levar a uma experiência inicial dolorosa com a evacuação, desencadeando o comportamento de reter as fezes.
  • Ingerir pouca água (veja os volumes recomendados em Prevenção).
  • Histórico familiar de constipação intestinal. Além de poder haver uma doença familiar que leve à prisão de ventre, às vezes os pais com o problema ignoram os sintomas dos filhos porque consideram ‘normais’ a baixa frequência das evacuações ou as fezes endurecidas.
  • Obesidade.
  • Sedentarismo (inatividade física).
  • Fatores psicológicos como bullying, ansiedade e depressão.
  • Diabetes, fibrose cística, doença celíaca (intolerância ao glúten) e hipotireoidismo. Além dessas doenças, TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e autismo podem gerar dificuldade de alimentação da criança, com reflexos no trânsito intestinal.

Prevenção

Alguns cuidados simples ajudam a prevenir a constipação intestinal. Confira:

  • Alimentação rica em fibras, sem excesso de carboidratos de rápida absorção, como massas, pães e arroz branco, entre outros. No caso de bebês, é importante evitar farinhas para engrossar o leite da mamadeira. Verduras, frutas e legumes são bem-vindos no cardápio das crianças.
  • Prática de esportes e brincadeiras que envolvam atividade física.
  • Ingestão adequada de água, conforme a idade. Importante: o consumo recomendado deve ser exclusivamente de água. Sucos, chás ou refrigerantes contêm açúcares que aumentam a fermentação intestinal e causam cólicas. Em vez de suco, é melhor oferecer à criança frutas in natura, pois estas fornecem fibras que ajudam no bom funcionamento do intestino.
  • É fundamental respeitar o tempo do seu filho(a) para tirar a fralda. Cada criança tem seu próprio momento para isso, o que costuma ocorrer a partir de um ano e meio até os três anos de idade. Segundo os especialistas, querer antecipar esse momento pode gerar uma experiência ruim para a criança e desencadear o processo que leva à constipação intestinal.

Novidades

Um dos avanços importantes está relacionado com a nova forma de fazer o diagnóstico, valorizando a avaliação clínica, sem a necessidade de exames complementares, alguns deles difíceis para crianças, como a colonoscopia. Atualmente, para o diagnóstico das desordens gastrointestinais funcionais, os médicos utilizam os Critérios de Roma, baseados apenas nos sintomas.

As medicações também evoluíram com a chegada dos laxativos de polietilenoglicol. Ao contrário dos laxativos tradicionais, os de polietilenoglicol não são absorvidos pelo organismo, o que evita uma maior distensão abdominal e as cólicas. O medicamento promove a formação de uma massa com consistência de geleia, deixando as fezes mais fáceis de serem eliminadas. Outra vantagem é a apresentação sem sabor e em formato de pó, que permite sua adição aos alimentos ou bebidas, facilitando a administração aos pequenos. .


Diferenciais BP

Seja no atendimento ambulatorial ou no pronto-socorro, na BP a criança será cuidada por profissionais especializados da nossa Pediatria, treinados para fazer o diagnóstico correto e definir o tratamento adequado. Identificar corretamente o tipo de constipação é muito importante: a funcional – grande maioria dos casos –, além de dispensar exames complementares para o diagnóstico, tem tratamento simples, feito na própria casa da criança. Apenas os pacientes com constipação secundária precisam realizar outros exames para identificar e tratar a doença que está provocando o problema.

Além disso, na BP temos estruturas especialmente preparadas para o atendimento de pacientes pediátricos, como o Pronto-Socorro Infantil, e os melhores recursos de medicina diagnóstica para a realização de exames laboratoriais e de imagem quando necessário. Tudo isso, acompanhado do nosso jeito de cuidar dos pacientes e seus familiares: com acolhimento e humanização.

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