Lean
nas Emergências

Lean nas Emergências

Esse projeto da BP também é vinculado ao Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), coordenado pelo Ministério da Saúde, e busca aplicar técnicas e ferramentas de qualidade e eficiência operacional, usualmente adotadas na engenharia de processos, para aprimorar os fluxos e estruturas de unidades assistenciais do SUS. O principal objetivo é combater a superlotação hospitalar nas mais diversas áreas de atendimento: emergência, internação, exames diagnósticos, centro cirúrgico e unidade de terapia intensiva.

A superlotação dos hospitais se desdobra em outros problemas, como a sobrecarga e o estresse dos médicos e demais profissionais de saúde e maior risco de erros assistenciais. São fatores que acabam redundando também em elevação de custos para o sistema de saúde e alimentam um ciclo vicioso: aumento do tempo de permanência dos pacientes no hospital, que, por sua vez, aumenta os níveis de superlotação.

Escopo do projeto

Se a excelência operacional é a chave para atacar o problema da superlotação e seus impactos negativos, o caminho para conquistá-la passa pela capacitação teórica e prática das lideranças hospitalares, para o uso de uma série de tecnologias de gestão. Esse é o foco do projeto.

Entre as ferramentas de gestão contempladas estão:

• Metodologia Lean – filosofia de trabalho criada na indústria automobilística para otimizar processos e combater desperdícios.
• Análises estatísticas são utilizadas para diversas atividades, como reorganizar escalas de trabalho em função de volumes e horários de atendimento.
• Mapa de fluxo de valor –quantifica o tempo de realização de cada etapa de processos (como retirada de senha, triagem, abertura de ficha e atendimento, por exemplo) e identifica gargalos que atrapalham o fluxo adequado dos pacientes.
• Diagrama espaguete – ajuda a visualizar graficamente os fluxos dos vários processos que compõem o dia a dia hospitalar a fim de racionalizá-los. A partir dele, pode ser traçado o percurso que um paciente, um médico ou até um medicamento realiza dentro da instituição, abrindo possibilidades de melhorias.
• Plano de capacidade plena – estabelece um conjunto de ações a serem disparadas quando o hospital se aproxima da taxa de ocupação limite.

A formação técnica das lideranças dos hospitais se dará por meio de:

• Plataforma de ensino a distância.
• Treinamentos presenciais na BP, onde os participantes do projeto também conhecerão processos e rotinas da instituição que poderão ser replicados em seus hospitais. Os treinamentos presenciais, realizados em dois dias de imersão na BP, totalizam carga horária de 16 horas.
• Os conceitos e ferramentas aprendidos serão aplicados em projetos locais de melhoria que serão desenvolvidos ao longo desse ciclo de formação.

Paralelamente, a equipe do projeto da BP (médicos e especialistas certificados na metodologia Lean) promoverá um diagnóstico técnico de cada um dos hospitais participantes. O objetivo é identificar oportunidades de melhoria, analisando os processos e observando onde estão e quais são os gargalos que fazem aumentar o tempo de permanência dos pacientes no hospital.

Os profissionais da BP também farão visitas quinzenais às instituições para acompanhar e apoiar os projetos locais. O período de monitoramento e assessoria pode se prolongar por até um ano. O objetivo final é tornar os fluxos internos mais ágeis e eficientes, eliminando procedimentos e tempos que não agreguem valor, preservando a qualidade da assistência aos pacientes.

Abrangência e critérios

Ao longo do triênio de vigência do projeto (2021-2023), serão promovidos ciclos de melhorias em 50 hospitais públicos e filantrópicos de referência de diferentes regiões do Brasil designados pelo Ministério da Saúde. Serão privilegiadas instituições de médio e grande porte (mais de 150 leitos) que sofrem com taxas de superlotação.

Cada ciclo, entre diagnóstico, capacitação e intervenção, dura pelo menos sete meses, que se somam aos 12 meses em que os hospitais continuam vinculados ao projeto na fase de monitoria prolongada.

De cada hospital, participarão até oito lideranças, incluindo profissionais nas posições de direção e coordenação assistencial e representantes dos principais fluxos hospitalares (emergência, internação, centro cirúrgico, centro de diagnóstico e UTI).

Indicadores de gestão

Um dos pilares do projeto Lean nas Emergências é a implantação de indicadores que serão usados inicialmente para controlar o desenvolvimento das ações de melhoria e, posteriormente, serão incorporados como ferramentas de gestão das instituições.

Exemplos dessas métricas são os índices de superlotação dos vários serviços hospitalares, calculados a partir de uma série de variáveis, como o tempo de permanência do paciente nas unidades e o tempo de demora para o atendimento. Uma das ferramentas adotadas é o Nedocs (National Emergency Department Overcrowding Score), que possibilita verificar o nível de lotação em serviços de emergência a partir de parâmetros como número de leitos, volume de pacientes e tempo até a alta.

Metas

Com as atividades desenvolvidas pelo projeto espera-se obter nos hospitais participantes:

• Redução de 20% do nível de superlotação em sete meses a partir do início do projeto.
• Redução de 10% no tempo médio de permanência dos pacientes internados.
• Redução de 15% no tempo médio de permanência dos pacientes do serviço de urgência.

Os dados ficarão à disposição na plataforma Comunidade Lean nas Emergências, que, além de repositório para submissão dos indicadores, reunirá conteúdos sobre a metodologia do projeto e eventos didáticos relacionados à iniciativa. Os indicadores de desempenho são acompanhados na sala de comando do Ministério da Saúde, dando visibilidade e capacidade de ação dos gestores públicos ao enfrentamento dos problemas relacionados à superlotação.

Equipe BP

1 gerente de projeto

1 coordenador técnico médico

1 coordenador técnico especialista em processos

6 duplas formadas por médicos e especialistas em processos

2 profissionais de apoio administrativo