Publicado em 21 de setembro de 2021
A BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e a Votorantim, por meio do Instituto Votorantim, uniram-se no projeto Tele-UTI Covid, iniciativa de apoio e orientação para equipes de unidades de terapia intensiva (UTI) dedicadas a pacientes com Covid-19. O objetivo é salvar vidas, em meio à pandemia e ao grande número de falecimentos entre os pacientes sob cuidados intensivos.
Entre novembro do ano passado e março deste ano o Brasil registrou a morte de 8 em cada 10 pacientes de Covid-19 intubados em UTI do País, um dos maiores índices do mundo*. Mesmo com a diminuição dos números de casos e óbitos, o que tem levado à redução da ocupação das UTI, a Covid-19 ainda causa profundo impacto no sistema de saúde e a gravidade dos pacientes levados à UTI segue alta. O projeto leva apoio para equipes multiprofissionais com elevado nível de estresse, permitindo a discussão de casos para que se consiga o melhor desfecho clínico nas condições dadas.
A Tele-UTI Covid é uma das diversas iniciativas adotadas pela Votorantim desde março de 2020, para apoiar a sociedade civil organizada no enfrentamento à pandemia. Por meio do Instituto Votorantim, os acionistas, a holding investidora Votorantim S.A. e as empresas do portfólio (banco BV, CBA, CESP, Citrosuco, Legado das Águas, Nexa, Votorantim Cimentos e Votorantim Energia), direcionaram juntos R$ 150 milhões para combater a Covid-19.
“Nossas primeiras ações, no ano passado, incluíam doações de equipamentos e insumos médicos. São iniciativas de implementação lenta, o que fazia sentido naquele período, quando havia tempo disponível, pois estávamos na fase inicial da disseminação do vírus”, afirma Cloves Carvalho, diretor-presidente do Instituto Votorantim. “Agora, precisamos de ações de implementação e efeito imediatos”, prossegue Carvalho. “Mais do que a criação de UTI, é necessário que essas unidades funcionem bem, e o projeto Tele-UTI Covid tem o objetivo de disseminar a adoção de procedimentos eficientes, multiplicando o efeito positivo.”
Entre os principais fatores para o grande percentual de perda de vidas estão a escassez de equipamentos, como respiradores, a falta de remédios adequados para sedação e a elevada quantidade de afastamentos de profissionais de saúde qualificados da linha de frente.
Além disso, muitas instalações de terapia intensiva foram montadas às pressas, para atender a alta demanda provocada pela pandemia. Os médicos intensivistas e outros profissionais de UTI, como enfermeiros e fisioterapeutas, estão sobrecarregados e muitos deles têm pouca experiência nesse tipo de atendimento – o paciente grave de Covid-19 é de alta complexidade. Outra dificuldade é a falta de protocolos eficientes para organizar o atendimento nas UTI.
O Brasil enfrenta, ainda, um problema crônico de má distribuição de médicos e de outros profissionais de saúde, com concentração nos grandes centros urbanos e no setor privado, questão que se tornou ainda mais grave na pandemia. Segundo um estudo da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), entre pacientes com Covid-19 internados em UTI entre 1º de março e 15 de maio deste ano, houve o dobro da taxa de mortalidade em hospitais públicos, com um índice de 38,5%, do que nos privados, com taxa de 19,5%.
“Com o projeto Tele-UTI Covid, os profissionais recebem o apoio de equipes de ponta da BP, uma das mais importantes instituições de saúde do País e referência em medicina intensiva”, afirma Rafael Gioielli, gerente geral do Instituto Votorantim. “À medida que os médicos, fisioterapeutas e demais profissionais de UTI se tornem mais preparados, a ideia é passarmos a atender novas equipes, disseminando conhecimento e treinamento.” O projeto está previsto para ser realizado durante três meses, com possibilidade de prorrogação.
A BP desenhou os protocolos de atendimento e também é responsável pela equipe executora, que é composta por 10 médicos e 5 fisioterapeutas, todos intensivistas, além de 6 profissionais de apoio. Esse time trabalha em revezamento e fica baseado na Unidade Paulista da BP, na cidade de São Paulo. O projeto Tele-UTI Covid funciona de segunda à sexta-feira, em plantão diurno de 12 horas, das 7h às 19h.
“Estamos promovendo a atualização dos profissionais dos hospitais apoiados, dentro dos mais modernos protocolos de atendimento”, afirma Rodrigo Olyntho de Almeida, gerente médico de Programas e que está à frente da organização do projeto Tele-UTI Covid na BP. “O princípio do programa é ajudá-los a utilizar da melhor maneira os recursos disponíveis no momento” afirma o médico. “Nossa equipe também consegue promover a troca de experiências entre profissionais que atuam em hospitais de diversos níveis de recursos e condições, em locais muito distantes e diferentes entre si.”
Todo o processo é feito de maneira remota e funciona por meio de reuniões diárias, via teleconferência, entre os profissionais da Tele-UTI Covid e os das UTI beneficiadas, sempre reunindo um médico e um fisioterapeuta intensivistas de cada lado. São reservados entre 10 e 12 minutos para discutir cada paciente e a equipe da BP sugere medidas que podem ser adotadas, sendo que a decisão final é do hospital apoiado.
O atendimento é focado em três frentes: triagem dos pacientes seguindo critérios da AMIB; orientações para a sedação (chamada de sedo-analgesia); e apoio para o manejo do suporte ventilatório dos pacientes (como os processos de intubação e a utilização de respiradores).
O projeto da Tele-UTI Covid já está em funcionamento em 12 hospitais, de 9 unidades da federação, com um total de 133 leitos atendidos. As instituições participantes são:
*Dados do Ministério da Saúde compilados por pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Fundação Oswaldo Cruz