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Pesquisa da Coalizão Covid-19 Brasil integra estratégia da OMS para o enfrentamento da síndrome pós-Covid-19

Estudo que acompanha mais de mil pacientes brasileiros foi apresentado para especialistas e pesquisadores no primeiro simpósio global da entidade sobre essa condição de saúde

Publicado em 23 de março de 2021

A preocupação com as sequelas e os sintomas persistentes que, ainda sem explicação, atingem uma grande parcela de pacientes até por meses depois da infecção pelo coronavírus, fez a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocar especialistas internacionais para um simpósio dedicado exclusivamente à síndrome pós-Covid-19 ou long Covid-19. No início do mês de fevereiro um grupo de representantes da instituição, médicos e pesquisadores do mundo todo participaram da reunião virtual para melhor definir a enfermidade, ampliar os conhecimentos, alinhar métodos de estudos e planejar estratégias globais de atendimento. O estudo Coalizão VII, da Coalizão Covid-19 Brasil, foi um dos cinco apresentados no evento — o único brasileiro.

O estudo é um dos nove desenvolvidos pela aliança formada pela BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Brazilian Clinical Research Institute (BCRI), HCor, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento, ,  Hospital Sírio-Libanês e a Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet). As pesquisas avaliam a eficácia e a segurança de potenciais terapias para pacientes com Covid-19 no Brasil.

O estudo Coalizão VII analisa os impactos a longo prazo e a qualidade de vida dos pacientes de Covid-19 após a alta hospitalar. Até o momento estão sendo acompanhadas mais de mil pessoas. O médico intensivista e pesquisador do Hospital Moinhos de Vento Regis Goulart Rosa, integrante da Coalizão Covid-19 Brasil, destaca que uma preocupação dos profissionais da saúde no mundo todo é com, além de todas as consequências da pandemia de Covid-19, uma posterior pandemia de incapacidade. “Os sistemas de saúde precisam se preparar para tratar sequelas e reabilitar esses pacientes. Temos observado desde problemas respiratórios, cardiológicos, neurológicos e fraqueza muscular até estresse pós-traumático, ansiedade e depressão. A OMS quer organizar o que se tem de pesquisas e dados disponíveis para entender melhor esses quadros clínicos e definir estratégias para prevenir e tratar a long Covid-19”, explica o médico.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ressaltou que o trabalho de enfrentamento da long Covid-19 está no início e deve se estender ainda por muitos anos. Ele defendeu que as informações e estudos saiam de dentro dos hospitais e centros de pesquisa e cheguem às comunidades. “Todos precisam, desde a atenção básica, conhecer os efeitos da infecção nas crianças, nos grupos de risco e em todos os outros grupos e entender os impactos sociais e econômicos dessa enfermidade. É necessário garantir a reabilitação dos pacientes. Temos 800 centros de colaboração em diversas regiões do planeta e vamos pedir que todos incluam a long Covid-19 entre as prioridades”, afirmou o executivo.


Os resultados de estudos feitos no Reino Unido, Estados Unidos, China, Itália e Índia também servirão de base para a tomada de decisões com foco no reconhecimento, pesquisa e reabilitação dos pacientes. Os pesquisadores convidados formaram grupos de trabalho para o aprofundamento, a discussão e a elaboração de quadros clínicos. A pesquisadora da OMS responsável pela equipe clínica de enfrentamento à long Covid-19, Janet Diaz, apresentou o formulário, disponível na Plataforma Global de Dados Clínicos da OMS, para que os profissionais possam reportar casos para monitoramento com as diretrizes de acompanhamento, como intervalos entre consultas e relatos de sintomas e sequelas.